Paulo Neulaender, Diretor de MKT e Comunicação da ABRAVA, afirma que primavera e verão serão caros
Usados em aparelhos de climatização e de refrigeração, os fluidos refrigerantes registraram aumento no custo da matéria-prima de 100% a 250%. Grande parte dos produtos utilizados em território nacional são importados da China.
Por esse motivo, os materiais são transportados em contêineres até o Brasil. Antes cobrado US$ 2,5 mil dólares, o custo de embarque saltou para quase US$ 20 mil. A diferença no valor representa um reajuste de quase 500%.
Esses são alguns motivos para a alta no preço do gás refrigerante, conforme Paulo Neulaender, Diretor de MKT e Comunicação da ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento).
Em entrevista, o CEO da Frigga – Refrigeração e Ar Condicionado -, explica o aumento no preço dos gases refrigerantes, o tamanho do impacto no setor AVAC-R e as perspectivas para os próximos meses.
WebArCondicionado: Quais os motivos explicam a alta no preço do gás refrigerante?
Paulo Neulaender: São vários pontos que explicam o aumento no preço dos fluidos refrigerantes. Primeiro ponto: Matéria-Prima. Algumas matérias-primas são usadas para fabricar os HFC’s (hidrofluorcarbonos). O R-404A, utilizado no setor de supermercado e transporte frigorificado, é um gás refrigerante usado para baixas temperaturas; O R-410A é usado em aparelhos de ar-condicionado Split. Todos eles tiveram um aumento no custo da base da matéria-prima de 100% a 250%.
O segundo motivo é o aumento na taxa de embarque de contêineres. Antes, o embarque de um container custava US$ 2,5 mil dólares para vir ao Brasil. Agora, está na faixa dos 16 aos US$ 20 mil dólares. O aumento é de 500% no embarque de um container da China.
Mais uma questão é a Emenda de Kigali, que o Brasil não assinou ainda. Os Estados Unidos assinaram Kigali somente quando Joe Biden assumiu a presidência. No acordo, os países terão uma média de importação para congelamento de produtos. A média dos Estados Unidos já tinha passado, ou seja, ficaram com menos estoque do que precisam. Por isso, começaram a comprar os HFC’s da China. Eles pagam mais comparado ao mercado brasileiro, pois têm maior poder aquisitivo. Isso bagunça o mercado.
Fora essas questões, o ano de 2020 foi de crise mundial e de queda nas importações. Todo gás refrigerante que entra no Brasil é importado. A diminuição na importação chegou a 20% ou 30%. Por isso, o pessoal começou a usar estoque local porque o investimento é alto para trazer o fluido refrigerante. Esse movimento fez reduzir o estoque local.
Quando foi necessário repor o estoque porque começou a aquecer o mercado a partir do último trimestre, com todo mundo vacinado, aumentou o consumo de gás refrigerante. Hoje tem mais procura do que demanda. Até posso ter comprado uma garrafa de fluido por R$ 500 reais, mas quando for repor o estoque deste produto, terei que repor pagando de mil a R$ 1,5 mil reais. A situação ficou grave. Sequer sabemos quando vai embarcar e chegar o contêiner da China.
WebArCondicionado: Qual o tamanho do aumento?
Paulo Neulaender: O R-134A, usado para recarga de carro, saiu de mais ou menos R$ 60 reais o quilo para R$ 120 reais. O R-404A pulou de R$ 65 reais o quilo para R$ 200 a R$ 250 reais. O aumento é de 100% a 200% em pouco tempo. A tendência é não baixar muito porque o material importado, já chega com o aumento repassado no custo. Até novembro teremos uma fotografia melhor, até para que não falte gás em janeiro e em fevereiro, em pleno verão. E se o técnico não conseguir dar uma carga de gás no ar-condicionado, por exemplo? O setor automotivo se organiza melhor porque a carga de gás é pequena. Fora que a maioria das oficinas do Brasil tem máquina de recolhimento e de reciclagem.
WebArCondicionado: Como a alta no preço do gás refrigerante impacta os fabricantes, o comércio varejistas e os técnicos?
Paulo Neulaender: O técnico ou a oficina que realiza manutenção precisa se programar para aumentar o preço do serviço, pensando no que precisará pagar para adquirir o fluido refrigerante. Uma recarga de gás, em São Paulo, era na faixa de R$ 150 a R$ 150. Agora, deve estar R$ 300. O principal impacto é no consumidor final. Por exemplo, sem caminhão refrigerado para o transporte frigorificado, irei perder toda a carga. O preço médio de uma garrafa de gás R404A era de R$ 700 a R$ 800 . Depois do aumento, está saindo de R$ 2 mil a R$ 3 mil. Esse custo vai entrar no transporte e será repassado na carne, no peixe e no frango. Alguns sentiam a diferença quando iam ao mercado, por exemplo. O técnico e o setor AVAC não haviam sentido isso ainda.
WebArCondicionado: O que precisa acontecer para os valores voltarem ao patamar anterior?
Paulo Neulaender: Num curto e médio espaço de tempo não irá acontecer. O ideal é que as oficinas, os técnicos e os comércios avaliem seu estoque. Não adianta abastecer de uma maneira enorme e, de repente baixa de 10% a 20% o valor, corre risco de perder dinheiro. Tem que ter um estoque que atenda a sua necessidade. Quem tem oficina mecânica de ar-condicionado precisa fazer uma armazenagem maior. Costumeiramente essas empresas não têm um grande estoque.
É na ponta do lápis para não perder dinheiro, olhar de mês a mês, com uma observação bem crítica para a situação dos gases. A nossa primavera e verão serão caras. É importante ter estoque local. Aliás, o que vamos aprender com isso é a necessidade de ter uma reserva de estoque para evitar a dependência do fornecedor de fluido refrigerante.
Redação WebArCondicionado
Q absurdo esse aumento deve voltar o preço normal quando
Olá Valtenir, tudo bem?
Conforme é descrito na matéria, o preço dificilmente voltará ao patamar anterior num curto e médio espaço de tempo.
E difícil para os iniciantes que entram no mercado de refrigeração com poucas experiências.pois os mesmos vão ter que para pra não dar prejuízo aos clientes.e difícil eita mundão
Boa tarde
tá feio