Além de garantir conforto térmico para pessoas mundo afora, a climatização também é responsável pela imunização de milhões de indivíduos contra vírus, bactérias e outros agentes infecciosos. Isto porque quase todas as vacinas necessitam de condições térmicas especiais para que não sofram alterações em suas propriedades. Então, pensando na proteção das pessoas que recebem estas substâncias, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu parâmetros internacionais para o manuseio de vacinas.
Esta conservação de vacinas é chamada mundialmente de Rede ou Cadeia do Frio. Este conjunto de normas abrange o armazenamento, o transporte, a manipulação das vacinas e as condições de refrigeração, desde o laboratório produtor até o momento em que a vacina é aplicada. Portanto, para que as pessoas sejam devidamente imunizadas, cada país tem a responsabilidade de se enquadrar aos itens da Cadeia do Frio.
Elementos que compõem a Rede do Frio
1. Equipe técnica
2. Equipamentos
3. Instâncias de armazenamento
4. Transporte entre as instâncias
5. Controle de temperatura
6. Financiamento
Cada vacina reage de uma forma a uma determinada temperatura, sendo possível, inclusive, o congelamento de algumas. Porém, por convenção, fica estipulado que todas as vacinas sejam acondicionadas e distribuídas em recipientes com temperaturas entre 2º e 8ºC, seguindo as instruções contidas na Cadeia do Frio. A Rede do Frio possui diversas etapas que diferem entre si, por isso, pode ocorrer dentro de ambientes específicos como hospitais e postos de saúde ou em pontos externos de aplicação onde o armazenamento tem prazo restrito.
No Brasil, o responsável pela execução das questões pertinentes às vacinas é o Programa Nacional de Imunizações (PNI). O processo da Rede do frio envolve vários elementos em diferentes etapas, incluindo materiais especiais e procedimentos técnicos.
Refrigeração precária pode diminuir o efeito de vacinas
Apesar dos avanços da medicina, a conservação das vacinas ainda é um problema de grande magnitude em diversos pontos do planeta. A dificuldade de implantação da Cadeia do Frio acontece, especialmente, em países pobres e quentes. Isto é, muitas localidades não possuem rede elétrica, fazendo com que o tempo de vida e a abrangência das vacinas sejam reduzidos drasticamente durante a sua logística sem a devida refrigeração. Nestes casos, as caixas térmicas com gelo são amplamente usadas, no entanto, elas possuem restrição de tempo de uso, frente ao forte calor dos países africanos.
Esta questão é um dos maiores desafios na luta contra epidemias. Em alguns casos, entidades e órgãos mundiais alocam caminhões frigoríficos e refrigeradores com geradores a diesel para levar vacinas aos lugares mais remotos. Contudo, isto encarece o processo de imunização.
Vacinas são testadas sem refrigeração
Pensando nesta problemática, cientistas do mundo todo trabalham em alternativas para prolongar a eficácia das vacinas. Em 2010, por exemplo, pesquisadores da Universidade de Oxford, da Inglaterra, desenvolveram uma cápsula feita de açúcar, que protege vacinas para prevenção de vírus. Segundo os inventores, com esta cápsula é possível manter a substância por até um ano fora da refrigeração a uma temperatura de até 37ºC. Na ocasião, a invenção foi testada com duas vacinas contra a Malária.
Outra novidade positiva foi noticiada pela mídia internacional neste mês de março. Um grupo de voluntários da ONG PETH, em parceria com a OMS, constatou sucesso em vacinas sem refrigeração contra a Meningite do tipo A. A ação piloto foi aplicada em cerca de 150 mil pessoas residentes de Benin, pequeno país africano. A campanha aconteceu em novembro de 2012 e utilizou produtos que estavam em temperatura ambiente por até 4 dias, sem ultrapassar 40ºC nem tiveram exposição à luz solar. O resultado foi positivo e publicado na revista científica Vaccine. Nenhuma das pessoas da população vacinada contraiu a doença. Isto aumenta a abrangência de proteção e reduz os custos pela metade.
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